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Neuroma de Morton, a pedra no tênis do corredor

Imagine a seguinte situação: durante a corrida, ao deslocar seu peso pra frente para mais uma passada, você sente uma dor estranha na sola do pé quando o apóia no chão. Imediatamente tira o tênis para ver o que é, mexe os dedos e a dor desaparece! Você ainda dá uma olhadinha no tênis e no chão pra ver se encontra alguma coisa e… nada. O que será que causou essa dor? Fique atento, você pode ter neuroma de Morton.

O neuroma de Morton foi descrito pela primeira vez com mais detalhes por Thomas G. Morton, em 1876, como uma lesão tumoral benigna representada por uma fibrose do nervo digital plantar. Traduzindo: o neuroma é uma pequena massa que se forma ao redor do nervo que passa na parte inferior do pé, no local em que ele se divide e vai para os dedos Também é conhecido como metatarsalgia de Morton, neuralgia de Morton, neuroma plantar, neuroma intermetatarsal e neuroma do antepé.

Normalmente o neuroma de Morton localiza-se entre o terceiro e o quarto metatarso, ossos longos do pé que se articulam com os dedos, com prevalência de 80%, embora possa ocorrer nos outros espaços. Essa prevalência se deve ao fato de que este é o local em que há maior movimento, podendo causar pequenas lesões, chamadas de micro-traumas, levando ao espessamento e a compressão do nervo.

Sua causa é desconhecida, porém como acontece mais entre as mulheres (86% dos casos), sugere-se que a lesão seja desencadeada também pelo uso de sapato de salto alto e bico fino, onde ocorre aumento da pressão nas cabeças dos metatarsos e conseqüentemente compressão do nervo. No esporte este mesmo mecanismo ocorre em pessoas que apresentam uma biomecânica ineficaz, devido a alterações nas articulações, e forçam muito as pontas dos pés durante as passadas. O corredor que apresenta esta característica pode desenvolver o neuroma de Morton, principalmente ao aliar biomecânica ineficaz ao impacto da corrida.

SINTOMAS. A principal queixa é a dor intensa e intermitente no metatarso, ao andar ou ficar de pé com o peso do corpo no antepé, após um período curto de tempo. Essa dor se origina no metatarso e pode se irradiar para os dedos ou para a parte posterior do pé.

A dor é do tipo queimação, podendo também vir acompanhada de dormência e sensação de choque elétrico. Alguns pacientes relatam a sensação de inchaço, mas apenas a sensação, já que o edema pode não existir.

A hiperextensão dos dedos durante a descarga de peso no momento em que o pé está apoiado no chão durante a passada e também no agachamento, na subida de escadas e na corrida (principalmente em subidas) podem agravar os sintomas.

A dor geralmente apresenta melhora com a retirada do calçado e massagem dos pés e piora com a persistência do uso de “calçados antifisiológicos” como sapato de salto alto, bico fino ou solado duro. Atenção: quando dizemos “calçados antifisiológicos” incluímos também os sapatos masculinos de solado rígido e bico mais fino! Em casos mais graves a dor pode persistir mesmo ao andar descalço e ao repouso.

DIAGNÓSTICOS. O diagnóstico do neuroma de Morton se dá através dos sinais e sintomas descritos pelo individuo, seu histórico e o exame físico. Neste teste é realizada uma compressão latero-lateral dos metatarsos, ao mesmo tempo em que se realiza uma pressão na planta do pé na região acometida. Neste teste, a pessoa pode se queixar de dor e pode ocorrer estalido, resultado da movimentação do neuroma entre as cabeças dos metatarsos. Outros exames podem ser realizados para comprovação e diagnóstico diferencial, isto é, descartar a possibilidade de outras alterações. Na radiografia não é possível visualizar imagem sugestiva de neuroma, mas este exame pode indicar outra patologia que pode desencadear a dor, descartando neste caso o neuroma de Morton.

No ultra-som o neuroma aparece de forma bem clara desde que tenha um tamanho maior que 5 mm. Lesões menores podem ser difíceis de observar neste exame, sendo assim a ressonância magnética se torna o exame mais indicado.

É comum confundir o diagnóstico do neuroma com outras doenças com sintomas parecidos. Entre elas temos: capsulite, bursite intermetatarsal, fratura por stress dos metatarsos, artrite reumatóide, calosidades plantares associadas a dedo em martelo ou em garra, síndrome do túnel do tarso.

O tratamento conservador pode ser realizado, e o mais indicado, é o que tenta encontrar a causa do problema, sem atuar apenas na consequência, que é a dor. A Osteopatia e o Método Busquet são Terapias Manuais realizadas por Fisioterapeutas que vão em busca dos fatores que contribuem para o surgimento das dores, associado a orientações e até ao uso de Palmilhas, se for necessário. Atenção! Nem todos os pacientes com Neuroma tem indicação de palmilhas, e para a confecção delas deve ser realizada uma avalição postural criteriosa, observando todas as alterações posturais e não apenas os desequilíbrios dos pés.

Os exercícios de equilíbrio e propriocepção também devem ser realizados para melhorar as condições da pisada, principalmente porque devido à dor o atleta altera sua forma de pisar, causando inúmeros prejuízos em outras partes do corpo.

A fisioterapia é essencial para correção da biomecânica alterada do pé, adequando seu posicionamento que, como já foi descrito, é uma das principais causas deste quadro. Essa correção é feita através de exercícios que incluem alongamento, fortalecimento e trabalho de conscientização corporal.

Fonte: revistacontrarelogio.com.br

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